Aos vinte e poucos anos, no início do séc. XX, George Gershwin era um dos homens mais felizes e ocupados na face da Terra. Jovem demmais para ir para a guerra, ele começou tocando nos bares de esquina e logo passou a escrever shows para a Broadway, bem como canções - "Swanee", "Somebody Loves Me", "Fascinatin", "Rhythm" - que todos cantavam. Prolífico? Ele inventou a palavra. Em apenas duas semanas e meia, em Janeiro de 1924, ele compôs "A Rhapsody in Blue", que, orquestrada pelo bandleader Ferde Grofé, tornou-se a sensação do Jazz, e também o primeiro concerto para piano genuinamente americano. Entre os curiosos que compareceram à estréia da obra, no Aeolian Hall, estavam Rachmaninov, Stokowski, Kreisler e Jascha Heifetz.
Gershwin gravou a Rhapsody duas vezes com Whiteman - acústicamente, em junho de 1924, e, três anos mais tarde, com som elétrico - de qualidade superior. A primeira banda tinha exatamente os mesmos componentes que na estréia; a segunda foi aumentada com as participações de Tommy Dorsey e Bix Beiderbecke, tendo sido prejudicada por sérios atritos entre Gershwin e o bandleader. Sua execução, em ambas as ocasiões, é impetuosa e propulsiva, ainda que imbuída de uma introspecção (possivelmente tristeza) que o isola do tumulto do ambiente. O agitado Jazz era, ao mesmo tempo, uma reação à guerra e uma negação; Gershwin consegue, nessas gravações, evocar essa ambivalência.
Incompreensivelmente, tais gravações são raras e foram relançadas muito poucas vezes. As versões para piano solo de Gershwin são substitutas adequadas, e ainda mais introspectivas (as tentativas de sobrepor a elas uma orquestra moderna são absurdas demais para merecerem uma discussão aqui).
De qualquer forma, as evocações mais autênticas são de Earl Wild (que tocou o concerto tanto com Whiteman como com Toscanini), e de Leonard Bernstein, compositor-pianista de formação semelhante, e que dirige a orquestra ao piano com empatia.
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