segunda-feira, 6 de julho de 2009

Brahms: Sonatas para Viola e Piano - Pinchas Zukerman - Daniel Barenboim - DG - NY, Novembro de 1974.

Os contratos de exclusividade das gravadoras excluiam qualquer possibilidade de lançamento de discos do Kosher Nostra, um grupo de destacados músicos, praticamente todos judeus, que gerou exitação no final da década de 60, em concertos no palco e na televisão, numa série de documentários produzidos por Christopher Nupen. Uma execuçaõ célebre do quinteto "A Truta", de Schubert, com Barenboim (piano) sua esposa Jacqueline du Pré (cello), os israelenses Itzak Perlman (violino) e Pinchas Zuckerman (viola) e o regente indiano Zubin Mehta (baixo), nunca foi lançado em disco, embora exista em milhões de bancos de memória visuais e auditivos.
Esta amizade multilateral pode ser ouvida apenas em condições desfavoráveis: ou muito pouco, ou na maioria das vezes gravada tarde demais para captar a excitação do concerto. Uma exceção é este encontro pouco usual com Brahms, tocado no instrumento errado e talvez no continente errado, uma vez que Brahms nunca colocou os pés na América. Barenboim estava em NY ao mesmo tempo que Zukerman, que, igualmente adepto da viola e do violino, sugeriu que eles preenchessem um dia livre com os últimos trabalhos de Brahms, um par de sonatas escritas para clarineta, mas marcadas pelo compositor como igualmente executáveis na viola. A Deustche Grammophon, que preparava um ciclo em homenagem ao centenário de Brahms, decidiu levar adiante o projeto. Em outras mãos, teria sido apenas mais um disco.
Mas a vida de Barenboim tinha sido arrasada pela trágica doença de sua esposa, e sua execução tem um caráter nervoso, espiritual, que provocou em Zukerman o ansioso desejo de tranqülizá-lo, como no final do primeiro movimento da Sonata em Fá Menor, que eles terminam em um trêmulo andamento decrescente. O Andante transforma-se num ato de encorajamento mútuo, levado num compasso que evita a pressão, como numa revigorante conversa. Depois disso, eles começam a se divertir, dois rapazes em NY com o mundo a seus pés, esquecidos dos perigos da mortalidade. A sonata em Mi Bemol Maior, mais amável e langorosa no início, torna-se uma corrida até o final, uma emocionante conclusão para a vida de um grande compositor. O disco foi produzido por Gunther Breest, um futuro grande nome da indústria da gravação, e tudo a respeito dele parece ser como deveria.

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