O minimalismo foi uma moda na costa oeste dos EUA nos anos 60, baseado em práticas orientais que envolviam músicos profissionais em grupos tocando intermináveis equivalentes do vocábulo "Om". Os pioneiros, Terry Riley e Lamonte Young, eram personalidades da contracultura, incapazes de dialogar com os executivos das gravadoras de música clássica da época. "Eu raramente fiz música", disse Riley, "sem ser apedrejado".
A fase seguinte do minimalismo foi liderada por Philip Glass, um motorista de táxi de NY que sonhava com óperas, e por Steve Reich, um compositor multifacetado que foi além da imersão hipnótica em ritmos variantes e passou a estudar as culturas indígenas. Reich retornou de Gana com Drumming, dos grupos de gamelões da Califórnia, trouxe a "Música para Instrumentos com Baqueta, Vozes e Órgão. Drumming obteve uma grande ovação* no Museu de Arte Moderna de NY e um amigo alemão do compositor alertou a Deustche Grammophon. A DG, indo contra o seu perfil conservador, levou o grupo de Reich para Hamburgo em Janeiro de 1974, em meio a um sombrio inverno quando a Alemanha foi assolada pelo terrorismo urbano do grupo esquerdista Baader-Meinhof, por escândalos de espionagem e pela incerteza artística. Os músicos de Reich, entre eles os compositores Cornelius Cardew e Joan LaBarbara, tocaram os tambores e mudaram o mundo. O álbum de três LPs, lançado no verão, quebrou a hegemonia atonalista que havia dominado a música contemporânea desde 1945. De forma mais construtiva, ele também questionou os pontos de referência ocidentais da música clássica, ao introduzir figuras de imagem e ritmos de outras culturas. Para o ouvido inocente, a música de Reich é monótona, mas a audição prolongada revela mudanças microscópicas na textura e no "momentum", sendo o início de uma exploração que levou o compositor às complexidades textuais e espirituais de "Different Trains" e "Tehillim". A DG só voltou a fazer uma gravação de música minimalista vinte anos depois, mas este álbum quebrou o gelo modernista e derrubou a prolongada hegemonia do ascetismo acadêmico.
*No original, "uma ovação de 90 minutos", mas me parece, aliás, obviamente, um erro de revisão.
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