domingo, 17 de maio de 2009

Bartók: Concerto para Orquestra - Orquestra Sinfônica de Chicago - Fritz Reiner - RCA Sony BMG Chicago Orchestra Hall 22 de Outubro de 1955

Em 1943 o rico maestro Serge Koussevitsky deu a Bartók 1000 dólares para a composição de uma peça orquestral, num período em que o auto-exilado húngaro estava com leucemia e lutava para pagar o tratamento médico ("Vivo de meio em meio ano", contou ele a amigos). Poucos souberam que a encomenda fora discretamente incentivada por Fritz Reiner, o diretor musical da Orquestra de Pittsburg, que conhecia o compositor desde a faculdade em Budapest. Foi Reiner que assinou o aval que permitia a entrada de Bartók e a esposa nos Estados Unidos.
O resultado da encomenda superou todas as expectativas - tratava-se não somente de uma nova obra, mas também de uma forma totalmente original, uma partitura em que cada instrumento tinha sua chance de brilhar, tudo inserido num vigoroso diálogo socrático que serviu de modelo para as Nações Unidas, um forum no qual cada país, não importa o quão pequeno fosse, teria o direito de se manifestar. Koussevitsky regeu a célebre estréia em Dezembro de 1944, transmitida para todo o país pelo rádio. A peça ganhou imediatamente o status de obra-prima. Logo após, Reiner dirigiu a segunda apresentação em Pittsburg. Ao longo da década seguinte, o concerto foi executado duzentas vezes, mais do que qualquer outra peça orquestral contemporânea. Em disco, porém, ela continuava a se esquivar. Koussevitsky gravou uma versão literal para a RCA, colorida e bombástica; Eduard van Beinum traduziu a partitura em Amsterdã com um excesso de elegância; outros se excederam no entusiasmo.
Foi preciso Reiner para extrair da obra o ar impertinente, a grosseira paródia da Sinfonia nº7 "Leningrado", de Shostakovich (vista como um triunfo soviético) e a saudade de uma Hungria que nenhum dos dois veria novamente. Com uma orquestra de alto nível em Chicago, Reiner buscou a precisão em movimentos rapidíssimos ( a seção "Pesante" do finale é de tirar o fôlego), mas também a suavidade e uma elevada emoção. Nas mãos de Reiner, a obra se revela como unidade estrutural, e não uma mera sequëncia de trechos interessantes. Não é preciso saber que Bartók está prestando um respeitoso tributo aos instrumentos da orquestra. A música é simplesmente monumental.

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