domingo, 17 de maio de 2009

Grieg - Schumann: Concertos para piano - Solomon - Orquestra Philarmonia - Herbert Menges - EMI/Testament, London Abbey Road - 1956.

No começo da era do LP, algum gênio do terno listrado notou que Grieg e Schumann escreveram um único concerto para piano, ambos na mesma tonalidade, e com aproximadamente a mesma duração. O inventivo sujeito colocou-os um em cada lado de um disco e desde então eles são inseparáveis, apesar de seus temperamentos distintos. O concerto de Grieg é uma esparramada canção norueguesa, com bastante ruído e pouca sutileza emocional, ao passo que o de schumann desce fundo no tormento e na loucura. Poucos artistas tiveram sucesso em equilibrar tais discrepâncias. Solomon conseguiu uma fusão coerente.
O sincero Solomon Cutner (ele omitia o sobrenome) era filho de um alfaiate do West End londrino, e fez sua fama dando concertos para as forças armadas durante a guerra. Junto com Clifford Curzon, foi o mais importante pianista britânico de sua geração. Impassível no palco, baixo, gordo e prematuramente calvo, sua reserva era um antídoto contra o exibicionismo de outros pianistas. Com Solomon, a reflexão prevalecia, reduzindo a música a uma idéia germinal. Ele tinha uma linha direta com um dos compositores - sua professora, Matilde Verne, fora aluna de Clara Schumann - e uma afinidade tátil com o outro. Suas execuções soam simplesmente corretas: sonoras, narradas com maestria e com suspense o bastante.
Ele nunca teve a chance de brilhar num palco internacional. Semanas após essa gravação, aos 51 anos, ele teve uma hemorragia cerebral. Recuperou-se bem, voltou a usar todos os membros, e até jogava tênis, mas, embora tenha vivido até 1988, Solomon nunca mais colocou as mãos no teclado novamente.

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