domingo, 17 de maio de 2009

Fritz kreisler - Beethoven, Concerto para Violino - Orquestra da Ópera Estatal de Berlim- Leo Blech - EMI - Singakademie 14 a 16 Dezembro, 1926.

Só existiu um Fritz Kreisler. Com seu som de veludo e seus cabelos cuidadosamente penteados, ele exerceu um fascinio hipnótico não apenas sobre o públlico, mas também sobre todos os violinistas ao longo das gerações que se seguiram.
Ele continua a ser reverenciado por violinistas tão diferentes como Nigel Kennedy e Maxim Vengero.
Na qualidade de mais importante solista no início da era das gravações, ele usou o meio para mudar a maneira de tocar, aplicando um vibrato obrigatório em passagens mais suaves para disfarçar as deficiências na reprodução do som.
Sua cadência para o concerto de Beethoven - a parte na qual se espera que os solistas devam se descabelar - foi adotada pela grande maioria dos solistas, que se sentiram desencorajados a exibir criatividade diante da comparação com a personalidade magnética do grande violinista. A concisão dos seus acordes ascendentes veio a se tornar um padrão do próprio repertório de concertos. Vienense de espírito solar, kreisler abordou com pronunciada austeridade o concerto de Beethoven, como se estivesse consciente de sua imensidão. Seus ataques são calculados e sem ostentação, e todas as notas são precisa e belamente articuladas. Sua execução transcende a dificuldade e leva a nada mais que ao prazer. Quanto às cadências, elas fazem aquilo a que são destinadas: refletem o que foi tocado e imediatamente antes e projetam o que está por vir. Kreisler é o grande intérprete desse concerto. Embora o tenha gravado com melhor som em Londres, 10 anos depois, sua versão de Berlim é de uma intensidade insuperável. Nenhum outro violinista jamais conseguiu fazer um trinado agudo soar organicamente como o canto do rouxinol, ou fazer esse concerto ressoar tão evocativamente as simplicidades pré-românticas (Dentre as dezenas de sucessores somente Menuhim/Furtwangler, Ostraich/klemperer, Haendel/Kubelik, Krebers/Haitink e Tetzlaff/Zinman conseguem sugerir alternativas.)
Violinista mais bem pago do seu tempo, Kreisler foi generoso com os menos afortunados.Criou um fundo para estudantes carentes na Universidade de Berlim e recebeu uma medalha do governo da Áustria por sua ajuda humanitária às crianças. O humanismo era parte inseparável do modo como kreisler fez sua música.

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