Charles - Valentin Moranghe, conhecido como Alkan, trancou-se em seu apartamento durante 25 anos e deixou crescer uma longa barba, após ter sido recusado como diretor do Conservatório de Paris. Ele escreveu uma marcha fúnebre para seu papagaio e uma sinfonia para piano solo, saindo à noite para dar recitais sem divulgação na Salle Pleyel, prestigiados pelos maiores piamnistas do seu tempo.
Encontraram-no morto sob uma estante de livros tombada, num acidente causado (supõe-se) ao tentar alcançar um volume do Talmude na prateleira mais alta. Busoni considerava-o um dos cinco maiores compositores para piano depois de Beethoven. Isso é tudo que se sabia dele até Ronald Smith trazê-lo de volta à vida.
Smith, músico de Kent com problemas de visão e dedos capazes de voar, teve contato com a música de Alkan por intermédio de Humphrey Searle, da BBC. Intrigado pela perversidade da música - qual outro compositor poderia ter escrito um réquiem irônico para um papagaio? - Smith desenterrou mais partituras em bibliotecas francesas e tocou-as na rádio e em recitais-palestra. A música era duplamente intratável. Alkan, quando jovem, se propusera a mostrar a Chopin e Lizst que poderia derrotá-los no piano. Em 1844 ele foi o primeiro a descrever um trem de ferro com música. Mais tarde, avançou muito além do seu tempo em contraste tonal e acumulação de acordes, antecipando Wagner, Mahler, Stravinsky e Scriabin. Alkan, apesar de todas as suas excentricidades, foi um visionário. Na Grande Sonata Opus 33, ele não só descreve quatro estágios da vida de um homem, aos vinte, trinta, quarenta e cinquenta anos, mas discute, numa secão quase Faustiana com Goethe, uma fuga prodigiosa em oito partes.
Smith não foi o único a a descobrir o Gênio dele. Um americoano, Raymond Lewemtal, gravou Alkan para a CBS mais ou menos na mesma época. Mas Smith escreveu a biografia definitiva do compositor e desvendou muitas conexões entre Alkan e e os compositores do passado e do presente, e só por isso já valem essas gravações
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