O 24º capricho para violino solo de Paganini, que já era uma variação sobre tema original, foi diversificado por Brahms, Liszt, Szimanovski e mais liricamente, Rachmaninov. Variações posteriores, no sec. XX vieram de Blacher, Lloyd Webber e Poul Ruders, nenhuma delas inteiramente encantadora. A que deixou sua marca foi escrita por dois jovens compositores durante a ocupação nazista, quando os poloneses foram impedidos de frequentar concertos.
Witold Lutoslawski e Andrzej Panufnik transcreveram cerca de 200 peças do repertório orquestral para o piano e tocaram-nas a 4 mãos em cafeterias. Certa tarde, eles foram arrancados do piano por homens da SS e jogados contra uma parede com pistolas apontadas para suas cabeças.
Lutoslawski cuidou da coleção de partituras dos dois. Durante o levante de 1944 sua casa foi queimada. As variações Paganini, com cerca de 5 minutos, foi tudo que restou. "Ele deve ter levado os manuscritos consigo", disse Panufnik.
A essência da obra consiste em um intercâmbio entre dois espíritos inquietos. O tema original é subvertido já nos primeiros acordes com ousadas dissonâncias - sons proibidos naquele tempo, além de constituirem um ardente protesto contra os homogeinizadores da arte, que estavam negando os prazeres da música a toda uma nação. Esta parte do diálogo é política; o resto é esportivo e competitivo: dois compositores rivais em ascenção jogando faíscas um no outro. A suíte é tão curta que dá vontade de ouvir duas vezes. É difícil de imaginar como tal espírito e tão grande senso de humor puderam resistir sobre constante ameaça de morte.
Lutoslawski, posteriormente, preparou um elegante versão para orquestra, mas é o original para piano que verdadeiramente impressiona.
Martha Argerich, vencedora do concurso Chopin, em 1965, uma empática intérprete da música polonesa, nos dá a mais brilhante versão em disco, juntamente com seu amigo Nelson Freire.
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