Famoso por ter sido composto após um colapso nervoso que se seguiu à desastrosa estréia de sua sinfonia nº1, este concerto foi o cartão de visita de Rachmaninov como solista. Exilado pela revolução,ele o gravou pela primeira vez em 1924, com Leopold Stokowski e sua formidável orquestra da Filadélfia. O álbum com cinco discos, no entanto, se tornou obsoleto com a chegada da gravação elétrica.
Permanentemente em turnê, Sergei sofreu outra crise de depressão, desencadeada pelo desejo de rever as intermináveis paisagens russas. Seu quarto concerto fracassou. Stokowski conseguiu que o segundo fosse gravado novamente, mas enfureceu o compositor com os cortes feitos na partitura, na tentativa de espremer a peça em quatro discos. Rachmaninov, que acatara cortes feitos em todas as outras obras, em especial nas sinfonias, recusava-se a reduzir o concerto em Dó menor, em uma nota que fosse. Ele executou-o sem qualquer alteração na Filadélfia, num estado de tensão que pode ser sentido na gravação; era como se o regente e a orquestra estivessem dançando sobre cascas de ovos em volta dele. O toque de Rachmaninov era delicado para um homem de tal porte e força, desafiando o peso de seus dedos em longas e suaves passagens do Adágio, enquanto Stokowski lutava como que com uma carroça puxada por cavalos fogosos. É o conflito, tanto como a maestria, que torna essa execução inesquecível.
Ela nunca saiu de catálogo, muito embora um erro da RCA em 1952 tenha resultado na substituição de algumas passagens por tomadas rejeitadas, uma anomalia que passou despercebida durante trinta e seis anos, até que o relançamento em CD alertou os mais atentos. Além de ser o guia definitivo para a interpretação do concerto mais popular do século, esta é uma das poucas gravações que existem, tal como uma escultura de Rodin, em fôrmas alternativas, fáceis de usar.
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