Copland, em 1947, era famoso por "Primavera nos Apalaches", "El Salon México", e "Fanfarra para o homem comum". Tímido, feio, homossexual e socialista, este judeu do Brooklyn fez um tipo de música que reflete os EUA como uma terra simples, honesta, masculina e pastoral. O paradoxo foi ignorado por todos, menos o Senador McCarthy, que tinha Copland bem no alto da sua lista negra.
Com o dinheiro e o ânimo curtos, Copland aceitou 2.000 dólares do músico de Jazz Benny Goodman para compor um concerto para clarineta. Goodman esqueceu-se completamente do assunto até dois anos depois, quando o prazo expirou e outros solistas mostraram interesse. Goodman organizou às pressas uma estréia nacional pelo rádio em 6 de Novembro de 1950, regida por Fritz Reiner. Solista e regente divergiram, e as críticas foram mornas. A acolhida não melhorou, mesmo após uma série de apresentações. A virada veio quando Copland, regente iniciante e flexível, pediu para dirigir a gravação. Ele regeu o primeiro movimento na metade da velocidade, para acalmar os nervos de Goodman, e esta versão realmente lançou o concerto.
Um década depois, os dois tocaram a peça novamente, no que Goodman prometeu que seria uma reconsideração da abordagem original. Desta vez, ele se encaixou na linguagem de Copland, encontrando o suingue na estrutura clássica.
O concerto é aberto com uma frase da Nona Sinfonia de Mahler, que é desviada da desoladora tragédia para a suave elegia. O diálogo entre o solista e as cordas (mais harpa e piano) - sociável, levemente adstringente, calorosamente acolhedor - adquire uma pulsação brasileira, uma consciência de outras culturas americanas. A conclusão é otimista, um sorriso dentro de uma caixa de vidro. "Acho que vai fazer todo mundo chorar", disse Copland.
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