A música antiga foi uma revolução que ultrapassa a nomenclatura. As pessoas que tocavam instrumentos de época e estudavam os textos originais eram, logo no início, democráticas até o ponto da anarquia, discutindo durante os ensaios e continuando a batalha nos pubs e nas publicações espacializadas. O regente, historicamente o promotor da unidade, tornou-se um árbitro entre os especialistas nesses instrumentos, e praticamente o "primus inter pares" (primeiro entre iguais). Os solistas foram reduzidos ao mesmo nível dos músicos do grupo.
O igualitarismo do movimento foi um anátema para muitos, numa indústria que vivia e morria baseada no sistema do estrelato. Contudo, à medida que a revolução reunia forças, especialmente entre ouvintes jovens e novos compradores, os selos foram forçados a anotar e registrar o impensável: uma grande interpretação clássica sem nenhuma estrela. A versão de 1985 da Missa em Si Menor, por John Eliot Gardiner, veio para quebrar o gelo da indústria fonográfica.
Gardiner era um homem empreendedor, formando grupos e conseguindo trabalho para sua fábrica musical. Mas era também um facilitador, dando oportunidades a excelentes musicistas que, de outra forma, talvez nunca tivessem encontrado lugar no disco. Todos os solos nesta gravação são cantados com brilho pelo Coro Monteverdi; Nancy Argenta e Michael chance estão à frente de um grupo cheio de vontade e sem falhas. A orquestra, com 28 componentes, é liderada pela primeira esposa de Gardiner, Elizabeth Wilcock. Os andamentos são quase duas vezes mais rápidos do que os de Karajan, transformando a atmosfera de sentenciosa em infecciosa, praticamente desde o primeiro acorde. O carro-chefe é o coro Qui Tollis, leve e arejado, embora espiritualmente elevado. Esta gravação foi verdadeiramente revolucionária, dando a impressão de que qualquer um poderia tocar e cantar Bach - e, de fato, todos deveriam fazê-lo.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário