domingo, 19 de julho de 2009

Bruckner: Sinfonia nº 7 - Orquestra Filarmônica de Viena - Herbert von Karajan - DG - Viena, 23 de Abril de 1989.

Hitler nasceu no mesmo local (Linz) que Anton Bruckner e considerava esta sinfonia como o ponto alto da música alemã, no mesmo patamar da Nona Sinfonia de Beethoven. Caso vencesse a guerra ele reconstruiria Linz como a capital cultural da Europa. Ele culpava os judeus, escreveu Goebbels, por fazerem de Brahms um compositor mais popular que Bruckner.
A Sétima sinfonia, uma elegia à morte de Wagner, estava de acordo com o humor de Hitler, à medida que a guerra dava uma reviravolta contra ele. Lírica e na tonalidade de Mi Maior, ela desce para um solene Adágio em Dó sustenido menor, empregando quatro tubas wagnerianas para ilustrar a fonte de todas as tristezas. A música de Bruckner foi a última a ser tocada na Rádio de Berlim antes da queda da cidade: ela simbolizava a morte e a transfiguração. Décadas depois, o mais poderoso regente no mundo da gravação, atormentado pela dor e desgastado pelos conflitos com a Filarmônica de Berlim, escolheu a rival vienense para seu próximo concerto de Bruckner . Herbert von Karajan estava com 81 anos e visivelmente doente. Sua interpretação chocou os admiradores, devido à falta daquele lustro imaculado e à ausência do que os músicos chamavam de "perfeccionismo gélido". Havia entradas quebradas, uma aspereza tensa nas cordas, um gosto de terra. A gravação não tinha nada de sua assinatura pessoal, mas, mesmo assim, Karajan aprovou-a, talvez por falta de arrogância ou por humildade.
Ao lado de interpretações épicas como as de Klemperer, Furtwängler e Giulini, esta se destaca como extraordinária, levada impulsivamente ao limiar do entendimento. Enquanto o Allegro Moderato de abertura é excessivamente brilhante, o Adágio, muito lento, muda para o sepulcral; o Scherzo e o finale são profundamente perturbadores. É impossível sabermos o que se passou na mente do Maestro, mas parece que ele tentou mostrar que a imperfeição é uma parte necessária da vida, que a aflição e o lamento não são coisas belas e que todos devem aceitar seu destino. Esta foi a última gravação de Karajan. Três meses depois, ele estava morto.

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