Uma das óperas mais populares do séc. XIX, La Juive sumiu do repertório porque poucas casas de ópera modernas conseguiam encontrar ou podiam pagar três tenores líricos, cada um deles capaz de sustentar uma grande cena. A ópera é imensa, com bem mais que quatro horas de duração, e sua influência foi vasta - não só sobre Berlioz, Gounod, Bizet e Saint-Saëns, mas também sobre o jovem e impressionável Richard Wagner, tanto quanto ele desprezava o tema judaico. A obra é um estudo essencial do auge da grande ópera. Eleazar foi o último papel que Caruso cantou no palco, no Met na noite de Natal de 1924.
Com a ascensão do nazismo, ela foi desfavorecida - sua última apresentação em Paris tinha acontecido em 1934 - e, quando a normalidade foi restaurada, tinha sido completamente esquecida, exceto por algumas execuções esporádicas em concertos. Sua ausência irritou os Amigos da Ópera Francesa de NY, um grupo que bancava espetáculos de uma única noite no Carnegie Hall. Algum dinheiro foi arrecadado, e Erick Smith, da Philips, reuniu um elenco confiável, sob a direção de Antonio de Almeida, provavelmente a maior autoridade mundial em ópera francesa e proprietário de uma inigualável coleção de partituras em primeira edição. Almeida fez alguns cortes, de modo a manter os custos controlados em três discos, e dividiu as sessões ao longo de três anos e dois locais para acomodar as agendas lotadas de suas estrelas principais. Apesar dessas restrições, sua interpretação é estilisticamente auntêntica e narrativamente atraente. Carreras, no auge vocal, lidera o grupo de tenores; Julia Varady (Sra Fischer-Dieskau) um tanto plena e estridente demais, representa uma heroína épica, forçada a escolher entre a fé e a vida. As peças do conjunto são maravilhosamente executadas, mas nunca melhor do que na oração arrebatada de Eleazar, "O Dieu, Dieu de nos pères", com a cavatina pascal que a sucede. A gravação vendeu pouco, basicamente para aficcionados e colecionadores de raridades, mas seu lançamento fez o mundo da ópera se lembrar da existência de La Juive, que foi encenada em Viena e em NY na década de 1990. A Ópera de Paris inclui-a de novo no repertório, finalmente, em 2007.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário