Nenhuma outra soprano conseguiu chegar a uma décimo das vendas de Maria Callas, o que diz muito sobre a supremacia da cantora grega. A competidora mais próxima foi uma jovem meio-soprano que, como Callas, tinha uma voz inconfundível e uma vontade inquebrantável. Bartoli foi descoberta aos dezenove anos, numa audição em Milão, pelo produtor da Decca Chirtopher Raeburn. Duas árias de Rossini, de Tancredi e L'italiana in Algeri, deixaram-no sem palavras. Raeburn escalou-a para para "O Barbeiro de Sevilha" e também para um álbum solo com árias de Rossini, uma exposição ousada e prematura para um artista que mal tinha subido ao palco. Bartoli, nascida em 1966, foi cantora infantil em dois coros da Ópera de Roma e dançou flamenco antes de começar seu treinamento vocal, que revelaria seus traços particulares, em especial a independência e a vivacidade. Os divulgadores tentaram adorna-la conforme a usual parafernália, mas ela preferia o jeans. Mesmo com o aconselhamento de regentes experientes como Daniel Baremboin e Nikolaus Harnoncourt, ela resistia aos diretores de forma vingativa, chegando a colocar Jonathan Miller para fora do Met.
Restringindo-se a trabalhar apenas alguns meses por ano, ela manteve sua voz imaculada, seus cachês altos e sua privacidade intacta. Somente Bartoli poderia ter gravado álbuns de sucesso com árias obscuras de Scarlatti, de Vivaldi ou Gluck. Somente Bartoli poderia, numa época de desespero em gravar, recusar o lucro fácil, mantendo-se fiel ao repertório clássico, que veio para ela de forma tão natural. Em Rossini, ela não teve nenhuma rival contemporânea sua, revelando uma profundidade vermelho-rubi em afinação e cor no papel de uma garota italiana em Argel, uma conquistadora vitalidade e um impressionante vibrato como a heroína da Cenerentola. Ela nos traz um sorriso aos lábios, mesmo em disco.
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