Em 1974 um garoto de 19 anos venceu um concurso de regência patrocinado por uma indústria de cigarros. O prêmio era reger, durante dois anos, uma orquestra do litoral. "Durante este período, eu considerei seriamente a idéia de desistir da regência", disse Ratle, mas já no final deste prazo ele conseguiu fazer uma gravação para a EMI.
Ratle escolheu a última sinfonia de Mahler, escrita já no leito de morte, uma obra fragmentária que foi concluída pelo produtor da BBC, Derick Cooke, e pelo regente Bertold Goldschimdt. A empreitada deles foi denunciada por Bruno Walter, discípulo do compositor, e ignorada por Bernstein e por Kubelik, que estavam gravando pela primeira vez ciclos completos das sinfonias.
Ratle, uma década mais tarde, estudou a sinfonia nº10 com Goldschimdt e desenvolveu os esboços com os compositores Colin e David Matthews. À frente de uma orquestra que tinha tudo, mas minava sua confiança, ele construiu uma versão monumentalmente segura e surpreendentemente bem executada da luta de um compositor contra as forças do amor, da falta de fé e da morte. O Adágio de abertura é rigidamente controlado, de modo a evitar a autopiedade; os dois Scherzos são febris, e o "Purgatório", inadequadamente ominoso. Mas o finale, com seus pesados ritmos de morte, é terrivelmente convincente, uma apoteose de qualidades para a mensagem de Mahler. A gravação se revelou crucial para a carreira de Ratle. Dentro de um ano ele foi nomeado regente principal em Birmingham, uma orquestra que ele moldou segundo sua personalidade jovial e eclética. A Décima de Mahler foi o trabalho que ele citou quando a Filarmônica de Berlim o convidou para reger um concerto em 1987. Os músicos vetaram a peça, por conta de sua litigiosidade, e Ratle recuou. Finalmente, ele conseguiu ensaiar a obra em 1996. Durante todo o ensaio, os músicos murmuravam: "Isso é horrível...isso não é Mahler". O concerto mudou a mente de todos. Três anos mais tarde os músicos escolheram Ratle como diretor musical em Berlim.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário