A obra "Os Planetas" de Gustav Holst foi um presente para a indústria fonográfica. A grande suíte astrológica, que teve sua estréia mundial durante as últimas semanas da Primeira Guerra Mundial, foi usada como peça de ilustração para quaisquer inovações tecnológicas surgidas desde a gravação elétrica. Holst, um professor de música na Escola para Meninas de St Paul em Hammersmith, no oeste de Londres, ficou espantado com seu sucesso, pois se preocupava muito mais com a complexidade da textura do que com os efeitos espetaculares.
Homem humilde, de gostos simples, Holst adorava escrever suítes para bandas militares de sopros, retrabalhando melodias folclóricas com suave colorido rural e delicados contrastes de luz e sombra. As suítes eram raramente tocadas fora do âmbito das cidades mineiras inglesas, até que aconteceu uma mudança nos desígnios da gravação que lhes abriu as portas de um futuro brilhante. Ao final dos anos 1970, a invenção de Edison estava se tornando obsoleta. Os discos ficavam arranhados com facilidade excessiva, e qualquer sujeira superficial era amplificada pela aparelhagem eletrônica cada vez mais potente. Os cientistas procuravam um modo de evitar o contato da agulha através da conversão do som em dígitos de computador, lidos por um feixe de luz laser. Um professor americano, Thomas Stockham, patenteou uma máquina chamada Soundstream e testou-a no Festival de Ópera de Santa Fé. Dois cidadãos de Cleveland, Jack Renner e Robert Woods, pediram-na emprestada para o que seria a primeira gravação profissional que faziam, e tiveram o descaramento de pedir ao professor que a adaptasse às necessidades deles. Stockham, gentilmente, concordou, e o aparelho foi testado nas seções de palhetas, metais e percussão da Orquestra de Cleveland.
Os manuscritos originais das suítes de Holst reapareceram recentemente, após ficarem desaparecidos por décadas, e descobriu-se então que continham antecipações dos grandes temas de "Os Planetas". Os músicos de Cleveland tocaram com suavidade sedosa e uma gama dinâmica delicadamente calibrada, do pianíssimo ao fortíssimo, deixando maravilhados os ouvidos acostumados à compressão do LP. Este foi o primeiro lançamento digital em LP, Um tira-gosto para o que seria servido a seguir. Os críticos se entusiasmaram com a redução dos chiados e estalos e os fabricantes seguiram adiante com a pesquisa do som digital. Cinco anos se passariam até que o CD Mostrasse toda a vantagem do som digital, mas esta gravação foi o arauto, tal como Mercúrio entre os Planetas, o mensageiro da boa sorte.
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