sábado, 1 de agosto de 2009

Berlioz: Sinfonia Fantástica - Orquestra Sinfônica de Londres - Sir Colin Davis - LSO - Londres

Quando ficou claro que os grandes selos não se interessavam mais por música clássica, as orquestras ficaram desesperadas. Como as pessoas iriam ouvi-las novamente, ou diferenciá-las sem o oxigênio das gravações? O que seria de suas veneráveis reputações? Seria aquele o movimento final?
A Orquestra Sinfônica de Londres produziu, um tanto literalmente, a primeira solução para este problema. Em vez de implorar trabalho, elas gravaram concertos ao vivo com seu regente principal, pagando aos músicos nada mais que seu cachê normal, mas prometendo uma pequena participação nos lucros. Colin Davis, que regeu o primeiro ciclo de Berlioz em disco para a Philips, nos anos 70, estava revisitando seus triunfos iniciais com o benefício da reflexão madura. Seu ciclo continha muitas execuções memoráveis, entre elas uma Les Troyens magnificamente cantada, uma raridade fonográfica. Nenhuma obra, porém, concentrou mais a experiência do regente e a energia da orquestra do que a psicodelicamente colorida Sinfonia Fantástica, um mundo sonoro que intoxicara todos os grandes regentes, de Mahler e Toscanini aos dias de hoje (Bernstein, em sua gravação pela CBS, acrescentou uma palestra de improviso intitulada "Berlioz faz uma viagem"). A gravação de Davis de 1974 ficou no topo da lista dos críticos durante três décadas. Para eclipsar esta excelente interpretação, ele adicionou algum refinamento nas texturas e expandiu as dimensões aurais da fantasia, jogando com a direcionalidade dos efeitos especias. O diálogo distante dos pastores (solos de oboé e corne inglês) na abertura da "Cena do Campo" passa a ser visualizada em tela grande nesta versão. Os rufos e toques dos tímpanos surgem de repente, como surpresas aurais.
O cálculo da diferença espacial e o ruído da gravação ao vivo colocam esta gravação num lugar à parte das produções de estúdio. O produtor e o engenheiro de som foram os veteranos dos grandes selos James Mallinson e Tony Faulkner. O disco ficou entre os dez mais vendidos no Japão, e, mesmo tendo rendido pouco dinheiro para os músicos, estabeleceu o selo próprio como uma opção viável para as orquestras num mundo pós-gravação clássica.

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