segunda-feira, 3 de agosto de 2009

igeti - Atmosferes, Aventures (música do filme 2001: Uma Odisséia no Espaço) Orquestra Filarmônica de Berlim - Jonathan Nott - Teldec - Berlim

O modernista húngaro György Ligeti ficou surpreso ao saber que sua música tinha encontrado uma audiência global na fantasia espacial de Stanley Kubrick. Ele foi assistir ao filme e ficou injuriado, com toda a justiça. Não apenas "Atmosfera" e outras peças haviam sido usadas sem sua permissão, mas também uma parte de "Aventuras" distorcida eletrônicamente. Ele abriu um processo, foi derrotado por Hollywood, e aconselhado por seus editores a aceitar um acordo no valor de 3.500 dólares - "uma quantia desprezível". Mais tarde disse: "Gostei do filme. Artísticamente, eu aceito a maneira como usaram minha música". Esta não é uma trilha qualquer, pois Kubrick alterara completamente a maneira como a música era aplicada no cinema - não mais como um reforço para a emoção, mas como uma dimensão própria. A música de Ligeti foi tocada sem uma palavra sequer de diálogo durante 16 dos 21 minutos finais do filme, uma exposição que outros compositores morreriam para ter.
Depois do acordo legal, o diretor continuou a usar a obra de Ligeti, copiosamente e com permissão, usando uma seção de "Lontano" em "O Iluminado" e de "Música Ricercata" em "De Olhos Bem Fechados". Ligeti foi à estréia alemã deste último, ao qual assistiu na companhia da viúva do diretor.
Por causa do litígio, nenhum CD com a trilha sonora de 2001 pôde ser lançado, e quando isso se tornou possível, nemhuma das gravações originais tinha o padrão necessário. Vincent Meyer, um meçenas suíço, permitiu que toda a música orquestral de Ligeti fosse gravada pela Sony Classical, com a Philharmonia, sob a regência de Esa-Pekka Salonen, o que Peter Gelb impediu. Ligeti, nesse meio-tempo se desentendeu com a orquestra e com Salonen. A Teldec ofereceu-lhe a melhor orquestra européia, mas isolou-o dos preparativos, a fim de impedir a interferência. A Filarmônica de Berlim tocou clinicamente e com atitude titubeante, sob a regência do britânico Jonathan Nott, quase sempre criando uma paisagem sonora original que deve atrair um ou outro cineasta. A música, "estática" na avaliação do compositor, remete às vezes à agitada música noturna que Bartók conjurou a partir da área rural que nunca dorme.

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